domingo, 31 de janeiro de 2016

Viver é Metamorfosear!

No começo da vida - se é que posso chamar de começo- , quando nos damos conta que estamos sozinhos no mundo e que somos responsáveis pelos nossos próprios problemas e os únicos capazes de encontrar soluções para eles, percebemos que a idealização que fazemos da vida na infância e na adolescência não passa de uma grande ilusão. Não quero dramatizar, apenas constatar. Vivemos por muito tempo à sombra de um cuidado e de um zelo que sustenta o mundo sobre as nossas cabeças para que sintamos menos o peso do mundo nas costas. A medida que vamos crescendo esse peso vai caindo levemente sobre os nossos ombros, enquanto protestamos insistentemente para que ele volte de onde veio. Crescer é um protestar infinito.

Chega uma hora que a vida deixa de ser leve, que as coisas demoram muito mais para serem esquecidas, e as relações são muito mais complexas. Chega um momento que as festas, os amores, os prazeres efêmeros, tornam-se mais perca de tempo que uma forma de desafogar a alma. Isso não quer dizer que estamos amargurando, isso nos diz apenas que estamos amadurecendo, que "a farra acabou", e que alguém tem que acordar pra vida. Nesses dias nós vamos nos perguntar quem nós somos, e o que viemos fazer nesse mundo desconexo. Vamos revisar nossas metas e questionar nossas certezas - se houver certezas a essa altura. O que ás vezes tem, e muito!- Nós vamos parar e refletir sobre como o tempo muda e revela, como ele nos molda, nos faz crescer - ou não. 

Com o tempo as coisas mais simples ganham mais importância, acima do fútil. E as responsabilidades se transformam em contrapeso nas nossas pálpebras. Nos forçando a lutar com o nosso próprio corpo, e ao mesmo tempo com o nosso intimo para fazer as coisas voltarem aos trilhos.

Tem algo de muito bonito em relação ao tempo e a vida, que é ver como as pessoas ao nosso redor evoluíram - torno a dizer: ou não... - e como elas lidaram com os problemas, com as responsabilidades, e como conseguiram transformar  madeira em carvão, e alimentar a locomotiva da vida adiante. Mesmo com todas as dificuldades que sabemos que a vida não economiza em apresentar. E apesar de todas as expectativas não correspondidas, sonhos adiados, como é bonito ver quem a gente quer o bem, crescer, e ser,  mesmo que a vida não tenha seguido de acordo com os planos.

Outra certeza que o tempo nos dá: Não podemos planejar a vida completamente. Somos as lagartas que sabem que chegará um tempo que precisaremos virar pupa e que para isso precisamos nos manter fortes e seguir no caminho da metamorfose, até que lá na frente tenhamos um futuro de borboleta. Vamos fazendo metas, para seguir no destino alado, mas o que acontece entre a lagarta e a borboleta, isso, não podemos controlar. A vida se encarrega.

E em algum lugar dentro de nós,  está aquela pequena luzinha que brilha fraquinha, mas que ainda brilha, nos dizendo que ainda há luz, e que por mais que todos os problemas que a vida nos mostre, todo o desconforto que a alma sente enquanto tenta se encaixar dentro do corpo, apesar de tudo, ainda podemos mudar e melhorar. 

Mudança é sinônimo de melhora. Começo a pensar assim. Que toda a mudança que fazemos para lidar melhor com a vida e com o mundo, é sem dúvida um primeiro passo em direção do "acertar".  E assim como crescer é um protestar infinito, viver é o contrário. Viver é um descruzar de braços, e duas mãos no arado. Só começamos a viver quando desistimos de fazer birra e assumimos que aquele destino enevoado lá na frente a que chamamos de "futuro", depende somente de nós.

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