sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Resenha: Tomboy


Diretor: Céline Sciamma

Elenco: Zoé Héran
             Malonn Levana
             Jeanne Disson
             Sophie Cattani
             Mathieu Demy

Tomboy é uma expressão que quer dizer " mulher-homem", o filme recebe esse nome, por se tratar da história de uma menina  de dez anos, chamada Laure, que não se identifica com o seu gênero. Ela tem trejeitos, comportamento e se vê como um garoto. A família se muda bastante em prol do trabalho do "Pai". Na trama encontramos uma família extremamente amorosa, as duas filhas, a mãe grávida e o pai, que mesmo trabalhando se faz presente sempre que pode. Nessa esfera de amor, a família se vê numa situação complicada: A filha mais velha ( Laure), se veste e se comporta como um garotinho. Apesar da estranheza da situação, a família administra bem essa peculiaridade da criança e age com naturalidade como se fosse uma brincadeira de criança que logo iria cansar e acabar. Porém, para Laure, não era apenas uma brincadeira. Ela estava gritando para o mundo o seu verdadeiro "eu". 

Quando a questão da sexualidade e identidade de gênero se torna um assunto real, numa família? A menina vai cada vez mais se desfazendo dos pudores de seu gênero de nascimento e assumindo a identidade que enxerga ao olhar-se no espelho.


 Nesse ponto do filme, ficamos um pouco relutantes, nossos próprios preconceitos e verdades pré-estabelecidas começam a se debater dentro da gente. Começamos a questionar a forma como somos feitos de pré-concepções, que nos são repassadas todos os dias, desde que conhecemos o mundo pela primeira vez, e pensar: e se... E se as pessoas pudessem escolher livremente o que quisessem ser e quem deveriam amar? Como seria esse mundo livre de preconceitos?

Em certo momento Laure, não é mais Laure, e sim Michael. O irmão mais velho de Jeanne e parte do grupo do bairro. Ao receber uma visita inesperada a mãe de Laure, descobre toda a farsa e decide desmascarar a garota. Num instinto protetor de mãe, claro, coloca um vestido e a obriga a acompanha-la a casa de seus amigos. A exposição da garota nos deixa compadecidos, e na hora nos faz questionar novamente, sobre como a sociedade está despreparada para lidar com o assunto. Na mãe de Laure nós enxergamos a imposição social e histórica : "quem nasce mulher, nunca será homem!" ( ou vise e versa ). A sociedade nos coloca vestidos a força o tempo todo, não só nessa questão.

A trama termina sem um grande desfecho, mas deixa um sentimento e muitos questionamentos. Um filme extremamente reflexivo, critico, amargo e doce. Independente de opiniões e ascendências religiosas é recomendável assistir ! :)


           

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